Assistimos em 16 de janeiro ao anúncio da mudança da identidade visual das latas de Coca-Cola, sob a chamada “Estratégia de Marca Única”.  As principais alegações para essa mudança foram que as marcas estavam ganhando personalidades próprias, e o objetivo segundo o discurso dos executivos da Coca-Cola era mostrar que a experiência com a marca deveria ser sempre a mesma, independente da versão apresentada. Por isso, a ideia de fortalecer a identidade visual da marca regular e não das versões Coca-Cola Zero e com Stévia.

Mas o que eles não comentaram, é que essa estratégia é uma maneira de continuar a veicular comunicação da Coca-Cola regular, marca pertencente ao grupo dos refrigerantes com açúcar.  Muitos países estão criando legislações proibindo a veiculação dessa categoria de produtos, em função de verdadeira epidemia de obesidade. O México criou toda uma legislação em 2014, pois sofre com taxas altíssimas de diabetes e obesidade infantil. Sendo o segundo maior mercado mundial de refrigerantes, a marca correria um risco enorme em apenas poder veicular produtos como a versão ZERO e STÉVIA, sem seu carro chefe.  Não foi à toa que o México foi um dos primeiros países a implantar essa nova identidade visual. A estratégia de unificar as latas com a tradicional lata vermelha como elemento primordial e tendo apenas a faixa preta e verde para distinguir a versão é uma maneira de continuar a ser apresentada aos consumidores em países que proíbem a propaganda de açúcar.

Exemplo: Se aquele determinado país possui legislação proibindo a comunicação de produtos com açúcar, a Coca-Cola pode veicular um anúncio da ZERO e as pessoas vão ver uma campanha de Coca-Cola com a tradicional embalagem vermelha em destaque. A marca continuará ativa na lembrança e na manutenção dos ativos do Brand Equity da Coca-Cola.

Vale a pena notar que a empresa fez questão de mostrar que agora a o nome mudou para Coca-Cola Zero Açúcar, para deixar evidente a composição e características dessa versão.

Quando avaliamos o design e a criação de identidade visual, estamos falando de negócios, não apenas na obtenção de algo prático e bonito.