2016. Um ano horrível?
Em 1992, a Rainha Elizabeth II definiu que aquele ano era um “ano horrível” usando o termo em latim “annus horribilis”, quando vários coisas ruins aconteceram com sua família e afetando a imagem da monarquia inglesa: vários escândalos e divórcios de seus filhos, o incêndio no castelo de Windsor, etc. E seria um ano para celebrar, pois afinal, a monarca completava 40 anos de ascensão ao trono.
Similarmente, poderemos dizer que o ano de 2016 será um “ano horrível” para o Brasil? Nós também deveríamos estar celebrando os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, como uma grande oportunidade de mostrar ao mundo, tudo que temos de bom: uma grande ação de relações públicas que deveria atrair cada vez mais turistas, promover as nossas marcas e incentivar a vinda de mais investimentos para nosso território.
Mas parece que não utilizaremos essa oportunidade de maneira eficiente. Pelo contrário, nossa imagem no exterior está sofrendo danos difíceis de recuperar. As nossas deficiências históricas “resolveram brotar” ao mesmo tempo. Enumero:
- Escândalos políticos e reviravoltas que fariam Frank Underwood (The House of Cards) se sentir no jardim de infância.
- Um processo de impeachment que causa dúvidas nos observadores internacionais, que têm dúvida de quem é o “mocinho e quem é o bandido” da história. Se é que existem mocinhos…
- Uma epidemia de Zika que gera bebês com microcefalia. Apesar do Zika vírus não ser nativo do país, a nossa ineficiência de combater o mosquito colaborou para a propagação dessa e de outras doenças.
- A promessa não cumprida de despoluir a Baía da Guanabara para os Jogos Olímpicos, que leva a TV de Taiwan a criar vídeos ironizando a situação para os atletas que forem ao Rio. https://youtu.be/QZ4k16dXTNw
- O receio sobre a qualidade das obras olímpicas depois da queda de parte da ciclovia Tim Maia.
- Um aspecto que foi pouco divulgado é a questão do “Mormo” uma doença letal equina e que o Brasil ainda não conseguiu controlar. Essa doença criou temor em vários países, pois seus cavalos campeões poderiam ser contaminados durante as competições no Rio. Uma das razões que afeta as exportações de cavalos brasileiros para a Europa é essa doença, prejudicando a entrada de divisas.
- E a mais recente questão do estrupo coletivo de uma garota de 16 anos na cidade maravilhosa, mostrando um lado bárbaro de nossa sociedade.
Realmente, teremos que trabalhar muito para reverter essas imagens que estão no noticiário mundial em 2016. Isso é possível? Sim, acredito que é factível. Mas é necessário ter um plano para o país. Não adianta a Embratur fazer campanhas para atrair turistas, enquanto não temos saneamento básico nas praias que eles irão visitar.
Como atrair investimentos, se não temos regras claras para as empresas? Como exportar mais, se a nossa logística é de quinto mundo?
Os Jogos do Rio poderão ser um sucesso do ponto de vista esportivo, mas o Brasil perdeu uma grande chance. Fazer o básico. Depois promover.
Place Branding não é sobre promoção de um lugar. Place branding é uma ferramenta para diagnosticar o que está errado e gerar ações para a mudança de uma situação negativa. A promoção comercial será consequência natural do boca-a-boca dos habitantes, dos turistas, dos investidores.